Como pensar gifs animados

Um guia para quem quer fazer essas pequenas gracinhas

Fabio Penna
De Repente

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Há alguns anos que é parte do meu trabalho fazer gifs animados como este acima. Ao contrário do que se pode pensar, fazê-los não é um trabalho mecânico. Aliás, ele está mais ligado a como se pensa do que em qual programa se usa para realizar. No entanto, a conversa entre esses dois pontos é parte essencial do processo criativo, porque é ali que muda-se o destino das imagens. Não pretendo aqui ensinar tecnicamente a fazer gifs, pois isso é fácil de achar em qualquer tutorial no Youtube. Minha ideia é mostrar como faço para pensar as etapas de criação deles.

Existem alguns tipos de gifs animados:

  • Com fotos
  • Com vídeo
  • Com animações
  • Com interferências animadas em vídeos
  • Com interferências textuais em fotos e vídeos..

… e tudo mais o que a cabeça humana puder inventar. Desde que seja animado, porque o pior gif é o desanimado. Sim, eles existem, e não têm a menor graça e, pior, não têm nenhuma utilidade. Quando você percebe que o gif poderia ser substituído por uma foto, pode ter certeza que ele é uma peça ruim. Não há necessidade em gastar MBs quando se poderia usar KBs. O mesmo acontece quando se coloca muito texto na imagem. Ora, se você precisa explicar muito, é possível que esteja usando a mídia errada.

Uma coisa foi essencial na minha aventura com os gifs: saber editar vídeos. Além de animados, a maior parte dos gifs que produzo são feitos a partir de vídeos, logo, ter algumas manhas na hora de editar faz toda diferença. O tempo é algo muito relevante num gif, pois é o que vai determinar o peso da imagem. Logo, saber acelerar o vídeo ou cortá-lo na hora certa vai economizar o plano de dados de muita gente.

Ter alguma experiência em edição é legal, mas muitas vezes acontece de alguém de fora dar uma ideia que resolve muito bem o problema. E muitas vezes essa pessoa nunca editou na vida. Estar aberto a essas entradas é muito importante, principalmente porque perdemos algumas capacidades críticas quando estamos compenetrados em qualquer edição (como falei neste texto aqui).

Outro ponto importante é pensar qual é o seu objetivo. Na grande parte das vezes ele é apenas uma brincadeira, um meme. Isso, de fato, faz parte da maioria das propostas de criação de gifs, mas elas não são únicas. Junto com esse objetivo, também é importante saber qual é o público a ser atingido.

Houve um tempo que o público para o qual eu trabalhava, dentro de um blog de humor esportivo, estava acostumada a certas brincadeiras. Ali, abriu-se um precedente para a publicação de gifs que aceitavam uma "viagem" maior, pois os elementos já faziam parte do imaginário dos leitores.

E aí, claro, a liberdade nos leva a caminhos que não controlamos (nem devemos). Quer dizer, devemos controlar somente antes de apertar o botão PUBLICAR, para não correr muito risco. De qualquer maneira, criar é um processo bastante confuso e adaptável. Aos poucos, nossa própria liberdade vai nos sendo tirada por nós mesmos para criar barreiras chamadas "senso crítico". E isso é algo que muitas vezes é preciso evitar ao fazer um gif.

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