Copa das Confederações: faltou inovação ao Jornalismo

rafaelsbarai
De Repente
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3 min readJul 3, 2013

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A nona edição da Copa das Confederações, conquistada no último domingo pela seleção brasileira de futebol, ficou marcada pela falta de inovação do Jornalismo com os maiores interessados, os consumidores finais. Se na última edição das Olimpíadas, em 2012, em Londres, as publicações digitais usaram e abusaram dos recursos tecnológicos para produzir conteúdo, a competição que reuniu os campeões de cada confederação não recebeu a mesma atenção: poucos sites de notícia apostaram na interatividade e produção que transcende a tradicional cobertura jornalística recheada de textos, fotos e vídeos. Foi a competição do uso tímido dos dados. Alguns destaques:

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- A derrota espanhola em dados: conhecido por seu tradicional (e ótimo) trabalho de infografia, a versão digital do El Pais ofereceu a seus leitores um raio-x completo da derrota da Espanha para o Brasil, por 3 a 0, no estádio do Maracanã. Dois profissionais da infografia reuniram informações nada desprezíveis que mostram os defeitos e os motivos pelos quais a defesa do time campeão do mundo sofreu três gols na decisão — até então havia tomado um gol em quatro jogos.

- Segunda tela: Tive o prazer de ajudar a desenvolver o Corneteiro Digital, serviço inédito na web brasileira que exibe — em tempo real — estatísticas (os jogadores mais citados, por exemplo) e avaliação dos atletas e do treinador — positiva ou negativa — a partir de todos os tuítes públicos dos usuários do microblog em língua portuguesa. Para chegar a esses resultados, as mensagens foram analisadas por um programa “treinado” por jornalistas de VEJA.com. Fiquei impressionado como o serviço representou parte da opinião pública relativa ao confronto: David Luiz, autor de uma defesa indefensável enquanto o jogo estava 1 a 0, foi um dos atletas que mais recebeu mensagens positivas; Piquét, expulso, foi o mais “cornetado”. Foi a primeira proposta de transformar valores sentimentais em texto.

- Raio-x da competição: iG e Uol reuniram boas informações relativas aos participantes e ofereceram uma espécie de guia digital com o retrospecto de cada seleção na competição, além de esquema tático e os maiores artilheiros da competição. É possível confirmar a supremacia brasileira no torneio apenas ao percorrer os olhos nas seções de artilheiros e maiores campeões.

- Interatividade: o Uol abusou do uso da tecnologia fotográfica e reproduziu um bom recurso popularizado pela Globo.com no Brasil ao exibir foto panorâmica da final no Estádio Maracanã, permitindo ao usuário ser reconhecido, tagueado e compartilhado nas redes sociais. É a potencialização do sentimento de pertencer a um ambiente — neste caso, o local que reuniu duas das melhores seleções do mundo.

- Jornalismo de Dados: o site de VEJA também inovou ao oferecer pela primeira vez no Brasil a ferramenta OptaPro, que exibe em tempo real estatísticas completas das partidas — como por exemplo qual foi o setor do campo que Neymar mais percorreu ou quais foram as combinações de passes que mais resultaram perigo aos gols de Julio César e Iker Casillas. A OptaPro é um recurso muito usado no exterior — principalmente entre grandes seleções e clubes, como é o caso da França e do inglês Manchester City.

Foto: Alexandreale.

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Journalist, Digital Product Manager at @CartolaFC (@RedeGlobo) and Fantasies Games, Business Model And Digital Journalism Professor at @FAAP and @CasperLibero