Slinger ilustra o que o Snapchat pode ser no futuro

rafaelsbarai
De Repente
Published in
3 min readJan 21, 2016

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Não restam dúvidas a respeito do conspícuo sucesso do Snapchat, aplicativo que permite o envio de mensagens (vídeos e fotos) que podem ser deletadas automaticamente tanto do dispositivo do remetente quando do destinatário segundos após o envio. Seus números são auspiciosos: diariamente, são 100 milhões de usuários e seis bilhões de visualizações de vídeos no app. Seu valor de mercado já superou a marca de 19 bilhões de dólares — cifra similar à negociação entre WhatsApp e Facebook. Seu êxito, no entanto, vem acompanhado por reptos: um deles é orquestrado pelo Slinger.

Criado há menos de três semanas por Chris Carmichael, o app produz uma luminosa interpretação sobre o que o Snapchat pode ser no futuro. Seu criador é um entusiasta da companhia criada por Evan Spiegel em 2011 e, por alguns anos, foi fio condutor para ações de empresas no app. Largou as estratégias para abraçar o universo vertical comportamento em crescimento.

Disponível para o sistema operacional iOS (Apple), com uma versão a ser apresentada ao Android (Google), Slinger é um repositório de vídeos verticais e uma extensão de vida útil nada desprezível às histórias com prazo para serem exibidas no Snapchat. No Slinger, o conteúdo é preservado e aberto aos olhos de outros produtores de snaps, alcançando assim maior exposição. Trata-se, portanto, de um motor para motivar ainda mais os maiores interessados na plataforma, seus usuários.

A perspectiva de garantir a manutenção dos conteúdos — caso o usuário tenha interesse — é preservar a história digital do ser humano.

Seu maior valor, talvez, seja uma funcionalidade que espera-se ser incorporada no futuro à ferramenta: a manutenção da memória — ou dos snaps. O Snapchat é um espelho poderoso do comportamento do usuário, em especial dos adolescentes: seis a cada dez americanos entre 13 e 35 anos está na rede. Mais de 40% da base de usuários tem entre 18 e 24 anos. A perspectiva de garantir a manutenção dos conteúdos — caso o usuário tenha interesse — é preservar a história digital do ser humano.

Slinger convida à reflexão sobre um repositório público dos vídeos verticais. Para isso, aposta em uma linha do tempo minimalista, com o número público de visualizações e de ‘curtir’, além de um espaço especial para os conteúdos mais populares, promovendo assim um termômetro em tempo real do que está acontecendo no app. Sua possível popularidade pode ser uma clara resposta do interesse público ao serviço.

Ao Snapchat, cabe a discussão. O app se tornou uma sensação global, mas produz, até o momento, enredos simplórios. Hoje, o serviço faz parte de um seleto grupo de populares produtos privados com questões relativas à monetização do negócio a serem resolvidas e, mesmo com os modelos aplicado às lentes, ferramentas que permitem acréscimo de animações em selfies, e no recurso de fornecer replays às mensagens, falta oferecer novos desafios a seus usuários — e aos que estão por vir. Oferecer APIs públicas (além das disponíveis ao universo publicitário) aos desenvolvedores sedentos por visibilidade — e dinheiro, é claro — pode tapar deficiências apresentadas no serviço. O crescimento por parte dos usuários do SnapSave, app que salva as imagens e vídeos para serem partilhadas à vontade, talvez seja outro evidente sinal de mudanças. Ampliar questões relativas à interação e detalhamento dos resultados provenientes das histórias também podem ser um dos caminhos. O Slinger abriu as portas. Cabe ao Snapchat, agora, decidir o que pretende ser no futuro: mais uma rede com ápice e declínio ou uma grande companhia de tecnologia, de fato.

Foto: Divulgação

/via @carlos_tlemos

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Journalist, Digital Product Manager at @CartolaFC (@RedeGlobo) and Fantasies Games, Business Model And Digital Journalism Professor at @FAAP and @CasperLibero